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Biografia de Jorge Amado

Jorge Amado

Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor brasileiro, um dos autores mais adaptados para o cinema e a televisão. Recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Em 1959, ingressou na Academia Brasileira de Letras ocupando a cadeira nº 23.
Jorge Amado nasceu em Itabuna, na Bahia, no dia 10 de agosto de 1912. Com 15 anos ingressou como repórter no Diário da Bahia. Com 19 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro e se tornou conhecido com a publicação do romance “O País do Carnaval”. Alcançou notoriedade com os romances “Cacau” (1933) e “Suor” (1934). Em 1935 formou-se em Direito.
Politicamente comprometido com ideias socialistas, participou do movimento de frente popular da Aliança Nacional Libertadora, tendo sido preso em 1936. Libertado em 1937, esteve exilado na Argentina, Uruguai, Paris e Praga. De volta ao Brasil, em 1945 foi eleito deputado federal, mas teve seu mandato político cassado. Deixou novamente o país e residiu na França, na União Soviética e em países de Democracias Populares. Em 1952 retorna ao Brasil.
Jorge Amado foi casado durante 56 anos com a escritora Zélia Gattai que era uma revisora atenta das obras do marido. Suas obras foram publicadas em diversos países, entre elas, “Mar Morto” (1943), “Gabriela Cravo e Canela” (1958), “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1966), “Tenda Dos Milagres” (1969), “Teresa Batista Cansada de Guerra” (1972) e “Tieta do Agreste” (1977). Jorge Amado faleceu em Salvador, no dia 06 de agosto de 2001.


Textos - Jorge Amado

A solução dos problemas humanos terá que contar com a literatura, a música, a pintura, enfim com as artes.
O homem necessita de beleza como necessita de pão e de liberdade. As artes existirão enquanto o homem existir sobre a face da terra. A literatura será sempre uma arma do homem em sua caminhada pela terra, em sua busca de felicidade.


Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!

Nem a rosa, nem o cravo..., Folha da Manhã, 1945


Logo que um novato entrava para os Capitães da Areia formava logo uma idéia ruim de Sem-Pernas. Porque ele logo botava um apelido, ria de um gesto, de uma frase do novato. Ridicularizava tudo era dos que mais brigavam. Tinha mesmo uma fama de malvado. Muitos do grupo não gostavam dele, mas aqueles que passavam por cima de tudo e se faziam seus amigos diziam que ele era um "sujeito bom". No mais fundo de seu coração ele tinha pena da desgraça de todos. E rindo, e ridicularizando, era que fugia da sua desgraça. Era como um remédio. No rosto do que rezava ia uma exaltação, qualquer coisa que ao primeiro momento o Sem-Pernas pensou que fosse alegria ou felicidade. Mas fitou o rosto do outro e achou que era uma expressão que não sabia definir. E pensou, contraindo seu rosto pequeno, que talvez por isso ele nunca tenha pensado em rezar, em se voltar para o céu. O que ele queria era fugir da sua angústia, que estrangulava. Mas o Sem-Pernas não compreendia que aquilo pudesse bastar. Ele queria uma coisa imediata, uma coisa que pusesse seu rosto sorridente e alegre, que o livrasse da necessidade de rir de todos e rir de tudo. Que o livrasse também daquela angústia, daquela vontade de chorar que o tomava nas noites de inverno. No bando, não tardou a se destacar porque sabia como ninguém como afetar a dor.


Não sou religioso (...) mas tenho assistido a muita mágica, sou supersticioso e acredito em milagres, a vida é feita de acontecimentos comuns e de milagres.


A sorte me acompanha, tenho corpo fechado à inveja, a intriga não me amarra os pés, sou imune ao mau-olhado.


Obras - Jorge Amado

O País do Carnaval 1931
Cacau 1933
Suor 1934
Jubiabá 1935
Mar Morto 1936
Capitães de Areia 1937
Terras do Sem-Fim 1943
O Amor do Soldado 1944
São Jorge dos Ilhéus 1944
Bahia de Todos os Santos 1944
Seara Vermelha 1945
O Mundo da Paz 1951
Os Subterrâneos da Liberdade 1954
Gabriela Cravo e Canela 1958
Os Velhos Marinheiros 1961
Os Pastores da Noite 1964
Dona Flor e Seus Dois Maridos 1966
Tenda dos Milagres 1969
Teresa Batista Cansada de Guerra 1972
Tieta do Agreste 1977
Farda Fardão Camisola de Dormir 1979
O Menino Grapiúna 1981
Tocaia Grande 1984
O Sumiço da Santa: Uma História de Feitiçaria 1988
Navegação de Cabotagem 1992
A Descoberta da América pelos Turcos 1994
O Milagre dos Pássaros 1997

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