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A Lei da natureza

A Lei da natureza

Um agricultor tinha vários sacos de sementes diferentes. Resolveu um dia plantar um grande terreno que nunca tinha sido cultivado, com uma lavoura de morangos. Passou o trator, limpou o terreno, apanhou um saco enorme de sementes e foi deitando-as na terra. Ao final de uma tarde desceu do trator, exausto, e olhando a grande extensão plantada, pensou:
- Agora é só esperar que a natureza faça o resto.
E foi descansar. Três semanas depois o homem resolveu dar uma olhada em sua nova lavoura para ver o crescimento das plantas. Começou a caminhar a pé por entre as pequenas mudas que já tinham mais de 1 palmo de altura, examinando-as cuidadosamente, até de que repente parou estarrecido, pôs as mãos na cabeça e gritou:
- Não!

Correu ao celeiro pegou o saco das sementes que plantaram e confirmou sua suspeita: ele semeara equivocadamente, tomates ao invés de morangos. Indignado voltou correndo à sua lavoura e esbravejando e pisoteando as tenras plantinhas, gritava:
- Droga, droga!!! Detesto tomates! Eu queria morangos....
E chutava a terra, pisoteava, pulava numa fúria insana até cair sobre o solo exausto e embarrado. Vendo aquilo, sua mulher o socorreu e ele enraivecido afirmou detestar aquela lavoura e queria vê-la destruída. Sua mulher, pessoa simples, mas sabia, o consolou e lhe disse:
- Mas, querido, a natureza não fez nada errado. Se você semeou tomates, como quer recolher morangos?... 

Gritar? Por quê?

Gritar? Por quê?

Um dia, o mestre perguntou a seus discípulos:
- Por que as pessoas gritam quando estão discutindo?

Os discípulos pensaram um pouco:
- Porque perdem a calma - disse um deles. - Por isso gritam.
- Mesmo assim, por que gritar se a outra pessoa está ao lado? - perguntou de novo o mestre. - Não é possível falar-lhe em voz baixa?... Por que gritar com uma pessoa, só porque está irritado?

Os discípulos apresentaram mais algumas respostas, mas nenhuma delas satisfaz o mestre.
Finalmente, o mestre explicou:
- Quando duas pessoas estão discutindo, seus corações se afastam muito. Para cobrir essa distância, devem gritar para poder ouvir-se. Quanto mais irritados estão, mais alto devem gritar para ouvir-se um ao outro, através desta grande distância.

O mestre voltou a perguntar:
- Que acontece quando duas pessoas se gostam?
- Elas não gritam - respondeu um dos discípulos. - Falam suavemente.
- Por quê? - perguntou o mestre, e ele mesmo deu a resposta. - Porque seus corações estão muito perto. A distância entre eles é muito pequena.

O mestre olhou para seus discípulos e continuou:
- Quando se apaixonam, que acontece?... Não falam, apenas cochicham, porque o amor aproximou mais seus corações. Finalmente, não precisam nem sequer cochichar. Apenas olhar-se e sorrir. Só isso! Porque seus corações estão tão unidos que não precisam mais de palavras.

O mestre terminou sua lição acrescentando:
- Quando discutam, não deixem que seus corações se separem, não digam palavras que os afastem. Porque, dessa maneira, chegará um dia em que a distância será tanta que não encontrarão o caminho de volta.

Conto oriental

O Mais importante

O Mais importante

Certa vez um jovem recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro rei de uma terra distante. Para essa viagem o rei lhe entregou o melhor cavalo do reino, com apenas uma recomendação:
- Cuida do mais importante, e cumprirás a missão! - disse-lhe o soberano, ao se despedir.

O jovem preparou seu alforje, escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada na cintura, por baixo das vestes.
Começou a viagem pela manhã, bem cedo, desaparecendo rapidamente no horizonte. Não pensava, sequer, em falhar. Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz, pronto para desposar a princesa. Aliás, esse era o seu sonho, e parecia que a princesa correspondia às suas esperanças.

Para cumprir rapidamente a tarefa, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria ao exigir o máximo do animal.
Quando parava numa estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe tirava a sela nem a carga, tampouco se preocupava em lhe dar de beber ou comer.
- Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal - disse alguém.
- Não me importo - respondeu ele. - Tenho dinheiro. Se este morrer, compro outro. Não me fará falta alguma!

Com o passar dos dias, sob tamanho esforço, o pobre animal não suportou mais os maus tratos e caiu morto na estrada. O jovem, simplesmente, o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé. Mas como naquela região havia poucas fazendas e eram muito distantes umas das outras, o moço deu-se conta rapidamente da falta que lhe fazia o animal.
Depois de algum tempo ficou exausto e sedento. Para aliviar o peso que carregava já tinha deixado pelo caminho toda a sua carga, com exceção das pedras, pois lembrava da recomendação do rei: "cuida do mais importante!"

Seu passo se tornou curto e lento e as paradas, freqüentes e longas. Como sabia que poderia desfalecer a qualquer momento, e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota.
Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada onde ficou desacordado por longo tempo. No entanto, uma caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, encontrou-o e cuidou dele.

Quando o jovem recobrou os sentidos, estava de volta à sua cidade. Imediatamente foi ter com o rei para contar o que havia acontecido, e sem remorso jogou toda a culpa do insucesso no cavalo "fraco e doente", que recebera.
- Porém, majestade, conforme me recomendaste, "cuida do mais importante", aqui estão as pedras que me confiaste. Devolvo-as. Não perdi uma sequer.


O rei as recebeu de suas mãos com tristeza e se despediu, mostrando completa frieza diante de seus argumentos.
Abatido, o jovem deixou o palácio. Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia:

- "Ao meu irmão, rei da terra do norte. O jovem que te envio é candidato a casar com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifica o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem é fiel e sabe reconhecer quem o auxilia na jornada. Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido nem um bom rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o servem".


Parábola oriental

Ir além

Ir além

Um homem foi chamado à praia para pintar um  barco. Trouxe tinta e pincéis e começou a pintar o barco de um vermelho brilhante, como fora contratado para fazer. Enquanto pintava, notou que a tinta estava passando pelo fundo do barco. Procurou e descobriu que a causa do vazamento era um buraco e o consertou.
Quando terminou a pintura, recebeu seu dinheiro e foi embora.

No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e lhe entregou um cheque de grande valor. O pintor ficou surpreso e disse:
- O senhor já me pagou pela pintura do barco.
- Mas isto não é pelo trabalho de pintura -  disse o homem - é por ter consertado o vazamento do barco.
- Foi um serviço tão pequeno que não quis cobrar - acrescentou o pintor. - Certamente o senhor não está me pagando uma quantia tão alta por algo tão insignificante!
- Meu caro amigo, você não compreendeu - disse o proprietário do barco. -  Deixe-me contar-lhe o que aconteceu. Quando pedi a você que pintasse o barco, esqueci de mencionar o vazamento. Quando o barco secou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria. Eu não estava em casa naquele momento. Quando voltei e notei que haviam saído com o barco, fiquei desesperado, pois me lembrei que o barco tinha um furo. Grande foi meu alívio e minha alegria quando os vi retornando, sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que você o havia consertado. Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos! Não tenho dinheiro suficiente para pagar-lhe pela sua "pequena" boa ação…

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